João 8.12
1. INTRODUÇÃO
A declaração de Jesus ("Eu sou a luz do mundo") foi feita no templo de Jerusalém, por ocasião da Festa dos Tabernáculos., festa destinada a recordar aos judeus sua caminhada pelo deserto, quando foram iluminados por uma coluna (chama) de fogo durante a noite.
Jesus estava, nesse momento, no chamado Pátio das Mulheres, que dali não podiam passar, porque as áreas tidas como mais santas estavam reservadas aos homens. Ao se apresentar assim, quebrou mais uma convenção das trevas, a da desigualdade entre as pessoas de sexos diferentes.
Este Pátio era iluminado por grandes candelabros (lampiões gigantes), que eram acesos ao cair da noite. Sua luz iluminava todo o templo e era vista em toda a cidade.
Durante todos os dias da Festa dos Tabernáculos, quando eram acesos, os anciãos dançavam e convidavam o povo a celebrar ao Senhor que os conduzira pelo deserto até à terra prometida. Neste contexto, Jesus se apresenta como a luz do mundo e luz da vida.
Quando diz "Eu sou", Jesus manifesta sua existência eterna, como Luz eterna que participou da criação do mundo.
Quando se apresentou como Luz, Jesus conhecia o conceito comum na época entre as religiões de mistério. Para eles, e para muitas pessoas ainda hoje que seguem religiões de mistério de escopo gnóstico, a salvação consiste em o homem permitir que sua luz se encontre com a Luz divina e haja uma fusão entre elas.
Para ser salvo, o homem deve se expor à luz divina, impessoal e energizada. Esta exposição ativa suas energias internas e faz com que ele se aperfeiçoe. Quanto mais exposto tiver, mais perfeito será. Deus não é um ser pessoal que veio ao mundo e morreu por todos. Antes, é uma luz difusa, que o homem deve buscar. Não é Ele que vem ao encontro do homem; é o homem que, pelo conhecimento e pela razão, que se aproxima dele, até se diluir nele.
Talvez por isto mesmo João se refira a esta Luz 29 vezes em seu Evangelho, para mostrar que tipo de Luz é Jesus Cristo.
Assim, a belíssima declaração do Messias que veio é, ao mesmo tempo, uma certeza, uma promessa e um convite.
Trata-se de uma certeza. Quem segue a Jesus não vive de si mesmo e não vive para si mesmo.
Trata-se de uma promessa. Quem segue a Jesus tem a luz da vida.
Trata-se de um convite. Quem segue a Jesus deve ser luz para o mundo.
2. A CERTEZA
Nossa certeza é que Jesus é a luz do mundo e quem O segue não vive nas trevas.
2.1. O Verbo-luz
Quem o disse foi o mesmo que se apresentou a Moisés em meio a uma tocha de fogo iluminada como "Eu sou o que o que sou". Deus não disse o seu nome porque um nome não abarca toda a Sua natureza. Jesus agora diz: "Eu sou o que sou, isto é, a luz do mundo". Esta é a síntese da Sua natureza. De que mais precisa o mundo, senão de luz e da luz de Jesus?
Quando a Trindade criadora, o Filho inclusive, começou a obra do cosmos, começou iluminando-o para lhe dissipar o caos. Ao fazê-lo, doou à natureza a essência do seu ser, que é luz.
Ao recriar o mundo com Sua presença salvadora, apresentou-se como a verdadeira luz que ilumina os homens (Jo 1.9) e dá sentido às suas vidas, como disse João:
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens (João 1.1-4)
Por isto, Deus pôde dizer: Haja luz. Por isto, houve luz.
2.2. Limites da luz humana
Podemos compreender melhor a declaração de Jesus, iluminando-a com a afirmação do salmista:
Em ti, oh Deus, está o manancial da vida.
Na tua luz, vemos a luz.
(Salmo 36.9)
Jesus e o salmista nos mostram (como pregou Walter Maier, nos pródromos da Segunda Guerra Mundial) a falácia segundo a qual a razão humana é capaz de irradiar luz suficiente para guiar os homens em meio às sombras da adversidade e que esta mesma razão é capaz de gerar a paz e a segurança que tanto almejamos.
Cada época tem suas forças de trevas. Para o povo contemporâneo de Jesus, a ameaça romana era uma faca pendida sobre o pescoço de cada habitante da Palestina. Nos dias de hoje, o perigo habita cada esquina, a escuridão é um sinal fechado, o fim dos horizontes está na fila de um hospital público, a cessação da esperança se encontra numa porta de emprego que não se abre.
A violência não será resolvida apenas pela razão humana, que deve ser usada e esgotada, porque limitada. O desemprego não será revertido apenas com planejamento racional. A luz da razão nos faz ver frestas de luz, mas não uma luz forte como a coluna de fogo no deserto, mas não luzes visíveis de longe como os candelabros do templo de Jerusalém.
Todos acreditamos na razão e sabemos que não podemos viver sem ela. É ela que permite que não tenhamos mais candelabros ou lampiões e sim potentes lâmpadas elétricas. Damos graças a Deus porque nos dotou de razão, sem a qual sequer poderíamos nos comunicar com Ele, porque Ele é um ser racional. No entanto, sabemos também, a razão pecou e carece da glória (luz) de Deus (Rm 3.23).
A economia brasileira precisa da luz de Cristo. A política brasileira precisa da luz de Cristo.
Nossa igreja precisa da luz de Cristo. Nossas famílias precisam da luz de Cristo. Todos nós precisamos da luz de Cristo, porque é nela que está a vida, não em nossa razão, que só é realmente racional quando se deixa invadir pela luz de Cristo.
3. A PROMESSA
Trata-se de uma promessa. Quem segue a Jesus tem a luz da vida.
Na luz de Cristo, nós vemos a luz, isto é, nós vemos a vida, nós vemos as possibilidades para viver como devemos. E de tal movo vimos que podemos ser as luzes do mundo (Mt 5.14-16).
3.1. Luzes que ameaçam
As duas maiores ameaças ao homem contemporâneo são também suas duas maiores possibilidades. Refiro-me à pervasividade (onipresença) dos meios de comunicação de massa e aos avanços das ciências, especialmente as ciências biológicas e mais particularmente a engenharia genética.
Os meios de comunicação são uma maravilha, por nos permitir travar conhecimento instantâneo com os fatos e por nos possibilitar recolher informações antes inimagináveis. Quando prepara este sermão pude ler num livro um sermão pregado sobre o salmo 36.9 escrito por um pastor americano durante a segunda guerra mundial (Walter Maier). Pude, diante do meu computador, ler vários textos de autores desde o século 2 da era cristã sobre o tema da luz. Pude me inteirar melhor sobre o mapeamento das células humanas. Os meios de comunicação são uma grande alavanca para o entendimento dos seres humanos e entre os seres humanos.
Ao mesmo tempo, negativamente, os meios de comunicação projetam muitas luzes sobre a sociedade, fazendo com que ela siga muitas luzes, especialmente as dos astros da televisão, da música e do esporte. O mundo é influenciado por eles e quer saber o que vestem, o que pensam e o que fazem. O mundo, no fundo, quer se esconder na sombra dos seus astros. Eles são as luzes do mundo, não importa que nada tenham para dizer, não importa que sejam tão vazios quanto aqueles que iluminam.
Nós mesmos podemos nos deixar guiar por estas luzes. Quando isto acontece, trava-se uma guerra dentro de nós. Podemos representar esta tensão do seguinte modo: nós temos o Espírito, que é luz, habitando em nós e então chega um espírito de trevas, que convidamos também para passear por nós. Os dois não se comunicam, não se tocam. Quem sairá? Se o Espírito de Deus for uma tocha acesa, destas como as tochas olímpicas da Austrália que não se apagam nem mesmo embaixo da água, as trevas não terão chance de crescer em nós e o Espírito de Deus continuará brilhando com todo fulgor.
Não é fácil resistir ao aparente brilho das trevas, trevas porque opostas a luz de Jesus. Se as trevas nos aparecem como algo escuro, sombrio e feio, será fácil colocar-lhe um muro e impedir a sua entrada. No entanto, as trevas brilham, ou melhor, as trevas parecem que brilham. Se não estivermos firmes na Palavra de Deus, vamos deixar que elas brilhem em nós e apaguem o Espírito de Deus (1Ts 5.19).
Quanto à engenharia genética, fomos todos informados que os cientistas conseguiram seqüenciar os genonas do corpo humano. Em certo sentido, foram iluminados três bilhões de pares de bases do DNA (Ácido Desoxirribonucleico), expressos pelas letras T, A, G e C (relativas às bases nitrogenadas de timina, adenina, guanina e citosina).
Segundo prometem os especialistas, a descoberta abre perspectivas novas para tratamento de doenças de natureza genética. Talvez daqui a cinco anos já seja possível a realização de testes de predisposição genética visando o diagnóstico precoce de pelo menos 80% dos casos de tumores malignos e o combate ao mal antes que ele se instale no organismo de forma incurável. Só em São Paulo há 150 pesquisadores trabalhando para isto em 33 laboratórios.
Não há dúvida que se descortinam horizontes promissores. No entanto, a manipulação genética pode trazer sombras para os seres humanos. Precisamos discutir esses avanços e lhes pôr, se for o caso, limites, porque a ciência não pode ser um fim em si mesmo, porque o seu fim deve ser o benefício global do ser humano, não um espetáculo sobre a competência dos pesquisadores.
3.2. A luz da esperança
A luz de Jesus também nos ilumina todas estas questões e ela nos ilumina de imediato. Não é uma luz para o futuro e nem uma luz do passado. Ele não é como uma estrela morta. Há luzes que chegam a nós bilhões de anos depois, quando já algumas não existem mais.
Porque espiritual, a luz de Cristo não é visível aos olhos da carne, senão aos olhos da fé.
A luz de Cristo nos ilumina em duas direções, uma dando-nos sabedoria para a vida e outra dando-nos esperança para a vida.
Quando o salmista diz que a luz de Jesus é lâmpada para os pés (Sl 119.105 -- Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho.), está destacando a dimensão sapiencial (dimensão de sabedoria) da Palavra de Deus. Por ela, Deus nos ilumina. Sem ela, não sabemos viver.
A luz da sabedoria se funde com a luz da esperança.
Jesus disse também que quem anda nas trevas não sabe para onde vai (João 12.35).
Passei por duas experiências que ilustram esta verdade de Jesus.
Certa ocasião, viajávamos do Rio para Belo Horizonte, quando as trevas se abateram sobre nós. Eram umas trevas brancas e espessas em forma de neblina. O motorista não conseguia ver a estrada e tivemos que parar e esperar pela luz do dia e, então, prosseguir viagem.
Em outra situação, nesta mesma estrada, eu dirigindo, as trevas chegaram sob a forma de chuva e neblina. Parte da viagem conseguimos, eu e minha família, fazer atrás das luzes de outros veículos. Quando os veículos sumiram do meu horizonte, eu não sabia onde estava trafegando. Eu andava nas trevas e não sabia para onde ia. Não podia sequer parar. Num momento, o que me parecia uma pista segura era, na verdade, a mureta de separação. Só a luz interior de Deus nos permitiu chegar ao fim daquela inesquecível e dolorosa viagem.
Quem segue a Jesus sabe para onde vai. Mesmo que não saiba, por serem espesas as trevas e longo o túnel, esta é a promessa: ele será dirigido por Deus.
4. O CONVITE
A declaração de Jesus é um convite duplo. Quem o segue tem a luz da vida. Quem o segue deve ser luz para o mundo.
Apesar de Jesus ser a luz do mundo, parte do mundo jaz nas trevas por escolha própria. Muitos têm escondido Jesus debaixo do alqueire (Mt 5.15), como se Ele fosse uma luz de baixa potência num grande lustre, para que Ele não brilhe.
Quem quiser a luz da vida deve seguir a Jesus como sua luz.
Muitos resistem à luz de Deus, talvez satisfeitos com a luminosidade do pecado. Muitos querem distância de Deus com medo que a luz ilumine as faces ocultas de suas vidas.
A iluminação de Deus tem um preço. A iluminação esotérica não tem preço real, embora possa custar algum dinheiro. A iluminação de Deus tem um preço: o compromisso da comunhão com Ele, que não convive com o pecado. Onde o pecado estiver, Ele não estará. Onde Ele estiver, o pecado não conseguirá estar.
Deixe-se invadir pela luz de Jesus.
Outros resistem à luz de Deus, como Paulo no caminho para Damasco.
Ele seguia as trevas do ódio, até ser alcançado pela luz do amor. O apóstolo Paulo era movido pelo ódio até ser derrubado (literalmente) pela luz de Cristo.
Deixe-se derrubar pela luz de Jesus.
Muitos, tendo sido alcançados por esta Luz, guardam-na para si.
Não seremos luzes para o mundo, conforme espera Jesus, retendo-a para si, maravilhando-se sozinho com ela. Antes, para que ela encontra todo o seu fulgor (brilho), devemos refleti-la para o mundo, para que Ele seja sua luz.
5. CONCLUSÃO
Amemos esta Luz. Compreendamos esta Luz. Tenhamos sede do calor desta Luz. Permitamos que esta Luz nos guie, que a sua força venha até nós, para que vivamos de um modo a permitir que esta Luz brilhe por nosso intermédio ao mundo.
Sempre levamos uma luz. Que luz estamos levando? A luz de Cristo?
O homem natural não tem luz, mas trevas. Tornamo-nos espirituais quando, deixando as trevas, aceitamos a luz de Cristo. Quando a aceitamos, tornamo-nos cegos, como Paulo, para as luzes do mundo, por mais sedutoras que nos soem.
Deixe a luz de Cristo brilhar em sua vida.
Em todas as situações de nossas vidas, não esqueçamos:
que Deus é luz, e nele não há trevas nenhumas.
Se dissermos que temos comunhão com ele e andarmos nas trevas,
mentimos e não praticamos a verdade;
mas, se andarmos na luz, como ele na luz está,
temos comunhão uns com os outros,
e o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado.
(1João 15-7)
A declaração de Jesus ("Eu sou a luz do mundo") foi feita no templo de Jerusalém, por ocasião da Festa dos Tabernáculos., festa destinada a recordar aos judeus sua caminhada pelo deserto, quando foram iluminados por uma coluna (chama) de fogo durante a noite.
Jesus estava, nesse momento, no chamado Pátio das Mulheres, que dali não podiam passar, porque as áreas tidas como mais santas estavam reservadas aos homens. Ao se apresentar assim, quebrou mais uma convenção das trevas, a da desigualdade entre as pessoas de sexos diferentes.
Este Pátio era iluminado por grandes candelabros (lampiões gigantes), que eram acesos ao cair da noite. Sua luz iluminava todo o templo e era vista em toda a cidade.
Durante todos os dias da Festa dos Tabernáculos, quando eram acesos, os anciãos dançavam e convidavam o povo a celebrar ao Senhor que os conduzira pelo deserto até à terra prometida. Neste contexto, Jesus se apresenta como a luz do mundo e luz da vida.
Quando diz "Eu sou", Jesus manifesta sua existência eterna, como Luz eterna que participou da criação do mundo.
Quando se apresentou como Luz, Jesus conhecia o conceito comum na época entre as religiões de mistério. Para eles, e para muitas pessoas ainda hoje que seguem religiões de mistério de escopo gnóstico, a salvação consiste em o homem permitir que sua luz se encontre com a Luz divina e haja uma fusão entre elas.
Para ser salvo, o homem deve se expor à luz divina, impessoal e energizada. Esta exposição ativa suas energias internas e faz com que ele se aperfeiçoe. Quanto mais exposto tiver, mais perfeito será. Deus não é um ser pessoal que veio ao mundo e morreu por todos. Antes, é uma luz difusa, que o homem deve buscar. Não é Ele que vem ao encontro do homem; é o homem que, pelo conhecimento e pela razão, que se aproxima dele, até se diluir nele.
Talvez por isto mesmo João se refira a esta Luz 29 vezes em seu Evangelho, para mostrar que tipo de Luz é Jesus Cristo.
Assim, a belíssima declaração do Messias que veio é, ao mesmo tempo, uma certeza, uma promessa e um convite.
Trata-se de uma certeza. Quem segue a Jesus não vive de si mesmo e não vive para si mesmo.
Trata-se de uma promessa. Quem segue a Jesus tem a luz da vida.
Trata-se de um convite. Quem segue a Jesus deve ser luz para o mundo.
2. A CERTEZA
Nossa certeza é que Jesus é a luz do mundo e quem O segue não vive nas trevas.
2.1. O Verbo-luz
Quem o disse foi o mesmo que se apresentou a Moisés em meio a uma tocha de fogo iluminada como "Eu sou o que o que sou". Deus não disse o seu nome porque um nome não abarca toda a Sua natureza. Jesus agora diz: "Eu sou o que sou, isto é, a luz do mundo". Esta é a síntese da Sua natureza. De que mais precisa o mundo, senão de luz e da luz de Jesus?
Quando a Trindade criadora, o Filho inclusive, começou a obra do cosmos, começou iluminando-o para lhe dissipar o caos. Ao fazê-lo, doou à natureza a essência do seu ser, que é luz.
Ao recriar o mundo com Sua presença salvadora, apresentou-se como a verdadeira luz que ilumina os homens (Jo 1.9) e dá sentido às suas vidas, como disse João:
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens (João 1.1-4)
Por isto, Deus pôde dizer: Haja luz. Por isto, houve luz.
2.2. Limites da luz humana
Podemos compreender melhor a declaração de Jesus, iluminando-a com a afirmação do salmista:
Em ti, oh Deus, está o manancial da vida.
Na tua luz, vemos a luz.
(Salmo 36.9)
Jesus e o salmista nos mostram (como pregou Walter Maier, nos pródromos da Segunda Guerra Mundial) a falácia segundo a qual a razão humana é capaz de irradiar luz suficiente para guiar os homens em meio às sombras da adversidade e que esta mesma razão é capaz de gerar a paz e a segurança que tanto almejamos.
Cada época tem suas forças de trevas. Para o povo contemporâneo de Jesus, a ameaça romana era uma faca pendida sobre o pescoço de cada habitante da Palestina. Nos dias de hoje, o perigo habita cada esquina, a escuridão é um sinal fechado, o fim dos horizontes está na fila de um hospital público, a cessação da esperança se encontra numa porta de emprego que não se abre.
A violência não será resolvida apenas pela razão humana, que deve ser usada e esgotada, porque limitada. O desemprego não será revertido apenas com planejamento racional. A luz da razão nos faz ver frestas de luz, mas não uma luz forte como a coluna de fogo no deserto, mas não luzes visíveis de longe como os candelabros do templo de Jerusalém.
Todos acreditamos na razão e sabemos que não podemos viver sem ela. É ela que permite que não tenhamos mais candelabros ou lampiões e sim potentes lâmpadas elétricas. Damos graças a Deus porque nos dotou de razão, sem a qual sequer poderíamos nos comunicar com Ele, porque Ele é um ser racional. No entanto, sabemos também, a razão pecou e carece da glória (luz) de Deus (Rm 3.23).
A economia brasileira precisa da luz de Cristo. A política brasileira precisa da luz de Cristo.
Nossa igreja precisa da luz de Cristo. Nossas famílias precisam da luz de Cristo. Todos nós precisamos da luz de Cristo, porque é nela que está a vida, não em nossa razão, que só é realmente racional quando se deixa invadir pela luz de Cristo.
3. A PROMESSA
Trata-se de uma promessa. Quem segue a Jesus tem a luz da vida.
Na luz de Cristo, nós vemos a luz, isto é, nós vemos a vida, nós vemos as possibilidades para viver como devemos. E de tal movo vimos que podemos ser as luzes do mundo (Mt 5.14-16).
3.1. Luzes que ameaçam
As duas maiores ameaças ao homem contemporâneo são também suas duas maiores possibilidades. Refiro-me à pervasividade (onipresença) dos meios de comunicação de massa e aos avanços das ciências, especialmente as ciências biológicas e mais particularmente a engenharia genética.
Os meios de comunicação são uma maravilha, por nos permitir travar conhecimento instantâneo com os fatos e por nos possibilitar recolher informações antes inimagináveis. Quando prepara este sermão pude ler num livro um sermão pregado sobre o salmo 36.9 escrito por um pastor americano durante a segunda guerra mundial (Walter Maier). Pude, diante do meu computador, ler vários textos de autores desde o século 2 da era cristã sobre o tema da luz. Pude me inteirar melhor sobre o mapeamento das células humanas. Os meios de comunicação são uma grande alavanca para o entendimento dos seres humanos e entre os seres humanos.
Ao mesmo tempo, negativamente, os meios de comunicação projetam muitas luzes sobre a sociedade, fazendo com que ela siga muitas luzes, especialmente as dos astros da televisão, da música e do esporte. O mundo é influenciado por eles e quer saber o que vestem, o que pensam e o que fazem. O mundo, no fundo, quer se esconder na sombra dos seus astros. Eles são as luzes do mundo, não importa que nada tenham para dizer, não importa que sejam tão vazios quanto aqueles que iluminam.
Nós mesmos podemos nos deixar guiar por estas luzes. Quando isto acontece, trava-se uma guerra dentro de nós. Podemos representar esta tensão do seguinte modo: nós temos o Espírito, que é luz, habitando em nós e então chega um espírito de trevas, que convidamos também para passear por nós. Os dois não se comunicam, não se tocam. Quem sairá? Se o Espírito de Deus for uma tocha acesa, destas como as tochas olímpicas da Austrália que não se apagam nem mesmo embaixo da água, as trevas não terão chance de crescer em nós e o Espírito de Deus continuará brilhando com todo fulgor.
Não é fácil resistir ao aparente brilho das trevas, trevas porque opostas a luz de Jesus. Se as trevas nos aparecem como algo escuro, sombrio e feio, será fácil colocar-lhe um muro e impedir a sua entrada. No entanto, as trevas brilham, ou melhor, as trevas parecem que brilham. Se não estivermos firmes na Palavra de Deus, vamos deixar que elas brilhem em nós e apaguem o Espírito de Deus (1Ts 5.19).
Quanto à engenharia genética, fomos todos informados que os cientistas conseguiram seqüenciar os genonas do corpo humano. Em certo sentido, foram iluminados três bilhões de pares de bases do DNA (Ácido Desoxirribonucleico), expressos pelas letras T, A, G e C (relativas às bases nitrogenadas de timina, adenina, guanina e citosina).
Segundo prometem os especialistas, a descoberta abre perspectivas novas para tratamento de doenças de natureza genética. Talvez daqui a cinco anos já seja possível a realização de testes de predisposição genética visando o diagnóstico precoce de pelo menos 80% dos casos de tumores malignos e o combate ao mal antes que ele se instale no organismo de forma incurável. Só em São Paulo há 150 pesquisadores trabalhando para isto em 33 laboratórios.
Não há dúvida que se descortinam horizontes promissores. No entanto, a manipulação genética pode trazer sombras para os seres humanos. Precisamos discutir esses avanços e lhes pôr, se for o caso, limites, porque a ciência não pode ser um fim em si mesmo, porque o seu fim deve ser o benefício global do ser humano, não um espetáculo sobre a competência dos pesquisadores.
3.2. A luz da esperança
A luz de Jesus também nos ilumina todas estas questões e ela nos ilumina de imediato. Não é uma luz para o futuro e nem uma luz do passado. Ele não é como uma estrela morta. Há luzes que chegam a nós bilhões de anos depois, quando já algumas não existem mais.
Porque espiritual, a luz de Cristo não é visível aos olhos da carne, senão aos olhos da fé.
A luz de Cristo nos ilumina em duas direções, uma dando-nos sabedoria para a vida e outra dando-nos esperança para a vida.
Quando o salmista diz que a luz de Jesus é lâmpada para os pés (Sl 119.105 -- Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho.), está destacando a dimensão sapiencial (dimensão de sabedoria) da Palavra de Deus. Por ela, Deus nos ilumina. Sem ela, não sabemos viver.
A luz da sabedoria se funde com a luz da esperança.
Jesus disse também que quem anda nas trevas não sabe para onde vai (João 12.35).
Passei por duas experiências que ilustram esta verdade de Jesus.
Certa ocasião, viajávamos do Rio para Belo Horizonte, quando as trevas se abateram sobre nós. Eram umas trevas brancas e espessas em forma de neblina. O motorista não conseguia ver a estrada e tivemos que parar e esperar pela luz do dia e, então, prosseguir viagem.
Em outra situação, nesta mesma estrada, eu dirigindo, as trevas chegaram sob a forma de chuva e neblina. Parte da viagem conseguimos, eu e minha família, fazer atrás das luzes de outros veículos. Quando os veículos sumiram do meu horizonte, eu não sabia onde estava trafegando. Eu andava nas trevas e não sabia para onde ia. Não podia sequer parar. Num momento, o que me parecia uma pista segura era, na verdade, a mureta de separação. Só a luz interior de Deus nos permitiu chegar ao fim daquela inesquecível e dolorosa viagem.
Quem segue a Jesus sabe para onde vai. Mesmo que não saiba, por serem espesas as trevas e longo o túnel, esta é a promessa: ele será dirigido por Deus.
4. O CONVITE
A declaração de Jesus é um convite duplo. Quem o segue tem a luz da vida. Quem o segue deve ser luz para o mundo.
Apesar de Jesus ser a luz do mundo, parte do mundo jaz nas trevas por escolha própria. Muitos têm escondido Jesus debaixo do alqueire (Mt 5.15), como se Ele fosse uma luz de baixa potência num grande lustre, para que Ele não brilhe.
Quem quiser a luz da vida deve seguir a Jesus como sua luz.
Muitos resistem à luz de Deus, talvez satisfeitos com a luminosidade do pecado. Muitos querem distância de Deus com medo que a luz ilumine as faces ocultas de suas vidas.
A iluminação de Deus tem um preço. A iluminação esotérica não tem preço real, embora possa custar algum dinheiro. A iluminação de Deus tem um preço: o compromisso da comunhão com Ele, que não convive com o pecado. Onde o pecado estiver, Ele não estará. Onde Ele estiver, o pecado não conseguirá estar.
Deixe-se invadir pela luz de Jesus.
Outros resistem à luz de Deus, como Paulo no caminho para Damasco.
Ele seguia as trevas do ódio, até ser alcançado pela luz do amor. O apóstolo Paulo era movido pelo ódio até ser derrubado (literalmente) pela luz de Cristo.
Deixe-se derrubar pela luz de Jesus.
Muitos, tendo sido alcançados por esta Luz, guardam-na para si.
Não seremos luzes para o mundo, conforme espera Jesus, retendo-a para si, maravilhando-se sozinho com ela. Antes, para que ela encontra todo o seu fulgor (brilho), devemos refleti-la para o mundo, para que Ele seja sua luz.
5. CONCLUSÃO
Amemos esta Luz. Compreendamos esta Luz. Tenhamos sede do calor desta Luz. Permitamos que esta Luz nos guie, que a sua força venha até nós, para que vivamos de um modo a permitir que esta Luz brilhe por nosso intermédio ao mundo.
Sempre levamos uma luz. Que luz estamos levando? A luz de Cristo?
O homem natural não tem luz, mas trevas. Tornamo-nos espirituais quando, deixando as trevas, aceitamos a luz de Cristo. Quando a aceitamos, tornamo-nos cegos, como Paulo, para as luzes do mundo, por mais sedutoras que nos soem.
Deixe a luz de Cristo brilhar em sua vida.
Em todas as situações de nossas vidas, não esqueçamos:
que Deus é luz, e nele não há trevas nenhumas.
Se dissermos que temos comunhão com ele e andarmos nas trevas,
mentimos e não praticamos a verdade;
mas, se andarmos na luz, como ele na luz está,
temos comunhão uns com os outros,
e o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado.
(1João 15-7)
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